Era uma vez uma Galinha Verde-amarela, que morava com seus pintinhos numa Fazenda. Num belo dia de sol, a Galinha percebeu que o milho estava maduro, pronto para ser colhido e virar um bom alimento. Sacudindo o empreendedorismo e a iniciativa que jaziam obnubilados sob o marasmo que se respirava naqueles dias, a Galinha teve a ideia de fazer um delicioso bolo de milho. Todos iam gostar!
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo. Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé? Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho? Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha para o bolo?
Foi pensando nisso que a Galinha encontrou seus amigos:
“Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?”
“Eu é que não”, disse o Gato. “Estou com muito sono.”
“Eu é que não”, disse o Cachorro. “Estou muito ocupado.”
“Eu é que não”, disse o Porco. “Acabei de almoçar.”
“Eu é que não”, disse a Vaca. “Está na hora da novela.”
Todo mundo disse não.
Então, a Galinha foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca. Então a Galinha disse:
“Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?”
Todos ficaram bem quietinhos, fazendo aquela cara de coitados, como era de praxe naqueles dias quando você queria alguma coisa a que não tinha direito.
“Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem voltar a tratar de suas coisas importantíssimas.”
Foi nessa hora que chegou o Sapo Barbudo, a quem a Galinha nem sequer havia pedido ajuda, por saber que era perda de tempo.
“Dá licença, companheira”, disse o Sapo, com sua voz rouca e áspera escorrendo por sobre sua comprida língua presa. “Acontece que tivemos uma eleição recentemente, e fui eleito Presidente desta Fazenda. Como parte de nosso pacote de medidas, visando a melhoria da qualidade de vida dos menos favorecidos, criamos o bolsa-bolo.”
“Bolsa-bolo?”, indagou a Galinha sem entender, mas sentindo um cheiro fedido subindo-lhe pelas canelas.
“Exatamente. Para cada bolo feito na Fazenda, uma fatia tem de ser distribuída a cada um dos que não possuem bolo.”
O Sapo Barbudo observou, satisfeito, enquanto o Gato, o Cachorro, o Porco, a Vaca, o Peru, o Cavalo, o Bode, a Ovelha, a Codorna, o Coelho e até o Tatu, diante do olhar assustado dos pintinhos, faziam uma fila junto à mesa sobre a qual cintilava o bolo de milho, redondo como uma lua cheia, dourado como o sol.
“E tem mais, companheira”, continuou o Sapo, sorrindo com os olhinhos safados, “além da minha fatia habitual, como representante do governo tenho direito a uma pequena parte da fatia de cada um dos demais. Somando tudo, acho que dá aproximadamente metade do bolo.”
A Galinha, boquaiberta, viu o Sapo saltitar porta afora carregando metade do bolo de milho que ela fizera com tanto gosto e esforço. Após a distribuição das cotas, sobraram apenas algumas migalhas para ela e seus pintinhos.
No dia seguinte, bem cedo, a Galinha arrumou as malas com sua família e deixou a Fazenda para nunca mais. Dizem que hoje ela mora no Canadá, feliz da vida, ganhando um salário justo, tendo saúde e educação dignas para os pintinhos.
Enquanto isso, na Fazenda, o Sapo Barbudo chapinhava os pés no lamaçal do brejo que, inexplicavelmente, engolia paulatinamente a Fazenda centímetro por centímetro. Ao seu lado, sua fiel ajudante e sucessora natural, a Pomba Gira, balbuciou em seu estilo único:
“É... Eu. Nós. A gente. A Galinha se mandou. É... Criança. Cachorro na sombra. Quem vai agora. É... Fazer. Bolo?”
“Não se preocupe, companheira”, acalmou o Sapo Barbudo, num ronco de confidência. “Estou negociando a vinda de umas frangas cubanas por um precinho camarada. Bolo é demais para a capacidade delas, mas parece que fazem umas brevidades que dão para enganar direitinho. Mas deixa para noticiar isso na véspera das eleições.”
Ao longe o sol se punha, colorindo o céu de vermelho.
Era muito trabalho: ela precisava de bastante milho para o bolo. Quem podia ajudar a colher a espiga de milho no pé? Quem podia ajudar a debulhar todo aquele milho? Quem podia ajudar a moer o milho para fazer a farinha para o bolo?
Foi pensando nisso que a Galinha encontrou seus amigos:
“Quem pode me ajudar a colher o milho para fazer um delicioso bolo?”
“Eu é que não”, disse o Gato. “Estou com muito sono.”
“Eu é que não”, disse o Cachorro. “Estou muito ocupado.”
“Eu é que não”, disse o Porco. “Acabei de almoçar.”
“Eu é que não”, disse a Vaca. “Está na hora da novela.”
Todo mundo disse não.
Então, a Galinha foi preparar tudo sozinha: colheu as espigas, debulhou o milho, moeu a farinha, preparou o bolo e colocou no forno.
Quando o bolo ficou pronto ...
Aquele cheirinho bom foi fazendo os amigos se chegarem. Todos ficaram com água na boca. Então a Galinha disse:
“Quem foi que me ajudou a colher o milho, preparar o milho, para fazer o bolo?”
Todos ficaram bem quietinhos, fazendo aquela cara de coitados, como era de praxe naqueles dias quando você queria alguma coisa a que não tinha direito.
“Então quem vai comer o delicioso bolo de milho sou eu e meus pintinhos, apenas. Vocês podem voltar a tratar de suas coisas importantíssimas.”
Foi nessa hora que chegou o Sapo Barbudo, a quem a Galinha nem sequer havia pedido ajuda, por saber que era perda de tempo.
“Dá licença, companheira”, disse o Sapo, com sua voz rouca e áspera escorrendo por sobre sua comprida língua presa. “Acontece que tivemos uma eleição recentemente, e fui eleito Presidente desta Fazenda. Como parte de nosso pacote de medidas, visando a melhoria da qualidade de vida dos menos favorecidos, criamos o bolsa-bolo.”
“Bolsa-bolo?”, indagou a Galinha sem entender, mas sentindo um cheiro fedido subindo-lhe pelas canelas.
“Exatamente. Para cada bolo feito na Fazenda, uma fatia tem de ser distribuída a cada um dos que não possuem bolo.”
O Sapo Barbudo observou, satisfeito, enquanto o Gato, o Cachorro, o Porco, a Vaca, o Peru, o Cavalo, o Bode, a Ovelha, a Codorna, o Coelho e até o Tatu, diante do olhar assustado dos pintinhos, faziam uma fila junto à mesa sobre a qual cintilava o bolo de milho, redondo como uma lua cheia, dourado como o sol.
“E tem mais, companheira”, continuou o Sapo, sorrindo com os olhinhos safados, “além da minha fatia habitual, como representante do governo tenho direito a uma pequena parte da fatia de cada um dos demais. Somando tudo, acho que dá aproximadamente metade do bolo.”
A Galinha, boquaiberta, viu o Sapo saltitar porta afora carregando metade do bolo de milho que ela fizera com tanto gosto e esforço. Após a distribuição das cotas, sobraram apenas algumas migalhas para ela e seus pintinhos.
No dia seguinte, bem cedo, a Galinha arrumou as malas com sua família e deixou a Fazenda para nunca mais. Dizem que hoje ela mora no Canadá, feliz da vida, ganhando um salário justo, tendo saúde e educação dignas para os pintinhos.
Enquanto isso, na Fazenda, o Sapo Barbudo chapinhava os pés no lamaçal do brejo que, inexplicavelmente, engolia paulatinamente a Fazenda centímetro por centímetro. Ao seu lado, sua fiel ajudante e sucessora natural, a Pomba Gira, balbuciou em seu estilo único:
“É... Eu. Nós. A gente. A Galinha se mandou. É... Criança. Cachorro na sombra. Quem vai agora. É... Fazer. Bolo?”
“Não se preocupe, companheira”, acalmou o Sapo Barbudo, num ronco de confidência. “Estou negociando a vinda de umas frangas cubanas por um precinho camarada. Bolo é demais para a capacidade delas, mas parece que fazem umas brevidades que dão para enganar direitinho. Mas deixa para noticiar isso na véspera das eleições.”
Ao longe o sol se punha, colorindo o céu de vermelho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário