Quem me acompanha há mais tempo, sabe que NUNCA me viu falar
de política na internet antes do lançamento do “Mais Médicos”, onde toda uma
classe profissional, a minha, foi covardemente responsabilizada pelo caos da
saúde no país; caos cuja culpa é de um governo que, verdade seja dita, não dá A
MÍNIMA para esse assunto. Como profissional há 25 anos, 15 deles em hospital
público, vendo agora gente sofrer e até morrer graças à inaptidão de pessoas
infiltradas no sistema pelo governo, como parte de um projeto asqueroso de
doutrinamento ideológico e lavagem de dinheiro, me senti na obrigação de me
manifestar, protestando e denunciando. Pela primeira vez, naquele tempo,
escrevi aqui a frase ‘FELIZ ELEIÇÃO EM 2014!”, fato que se repetiu quase
diariamente até o dia de hoje.
Com o tempo, as coisas se desdobraram: o partido oficial se
revelou como um bando criminoso, uma verdadeira máfia, envolvida em todo tipo
de ilícito possível, blindada por trás da impunidade proporcionada pelo aparelhamento
da máquina pública em seus 3 poderes, parte de um projeto de poder eterno. Foi
aterrador perceber como o mecanismo de aliciamento psicológico dessa corja não
difere em NADA do processo de inculcação que origina os fanáticos religiosos,
atados por correntes pesadas a uma suposta “verdade”, incapazes de raciocinar
fora dela. Mudou (e evoluiu) meu conceito de “inteligência” ao avaliar as
pessoas. A luta contra essa egrégora estimuladora da inércia, aniquiladora da
liberdade do espírito humano, em consequência, se ampliou. Mesmo não enxergando
um candidato ideal, optamos pelo “menos pior” (com diferença considerável!).
Lamentável foi ter de descer tantas vezes o debate ao nível
dessas pessoas, ao perceber que, muitas vezes, é a língua que muita gente (que
pretendíamos atingir) compreende. No fim, chegou a parecer que eles seriam
derrotados.
Não foram. E pensando melhor, isso é O QUE FAZ SENTIDO. Digo
mais, 48% de rejeição para esse governo baixo, incompetente, mesquinho, é um
excelente resultado! Um povo sem educação (estou falado de escola) escolhe seus
dirigentes a partir de critérios primários, imediatistas, estreitos, e foi o
que esse governo deu a eles. Basta ver o mapa final: vitória absoluta do PT nos
bolsões de pobreza e ignorância, vitória relativa nos estados mistos, derrota
nos estados com melhor educação e esclarecimento. Com raras exceções, sim, mas
a regra salta aos olhos. Bem havia me advertido um amigo: “no meu rancho de
pesca, no extremo norte de Minas, ninguém liga para corrupção, para inflação,
para nada disso. Todos vivem de bolsa-pescador, e enquanto isso continuar, vão
votar neles.” Cabe também destacar uma frase que está rolando na internet,
atribuída a Orson Scott Card: “se os porcos pudessem votar, o homem com o balde
de comida seria eleito sempre, não importa quantos porcos ele já tenha abatido
no recinto ao lado.” E é esta a dura verdade.
Não vou contabilizar aqui os 20% de abstenções na eleição,
ainda que o (único) valor disso seja o alerta para o descrédito dos nossos
políticos, já que um em cada cinco brasileiros não votou. Não contam os
omissos, que por ignorância dão pouco valor à discussão política, pois ela
influencia diretamente suas vidas. Não contam os que adotam aquela postura “blasé”,
de que “não voto em nenhum dos dois, porque considero que nenhum me representa”.
De pé sobre seu pequeno Monte Olimpo, não percebem que quem não se posiciona
dentro da realidade que o cerca, por bem ou por mal, é um zero dentro da
História, perde o direito de se queixar dos efeitos, e acaba como aqueles dejetos
humanos, tão desagradáveis, com que nos deparamos muitas vezes no mar em torno
de nossas praias: vão para cá e para cá, inertes ao sabor das marés, até serem
jogados por uma onda mais eficaz na areia da praia, onde estão fadados a serem
sepultados eternamente. Não conta a chamada “esquerda-caviar”, que sente prazer
numa postura “ideológica” absolutamente desvinculada do que são e de como agem,
que em sua suposta “intelectualidade” nada mais são que outras reses marcadas a
ferro quente com o brasão da ideologia; uma rês é igual a outra rês, ainda que
só uma delas tenha diploma. Seus números, no total computado, está longe de
fazer diferença. O “protesto” da abstenção é fraco, só tem efeito momentâneo.
Já os 48% de rejeição,
inéditos nas eleições deste país, esses dizem muito! Dilma parece ter “sentido
o golpe”, em seu primeiro discurso pós-reeleição, ao falar em “diálogo e
conciliação”. Indica que, a despeito da exploração da miséria (material e
psicológica), do uso da pesada máquina pública, do jogo ardiloso das falácias, factoides
e ardis herdados do totalitarismo, eles QUASE perderam. E quero crer que a
oposição também tenha se dado conta disso, e percebido que não basta uma
campanha eleitoral, é necessária uma postura opositora ATIVA, contundente,
constante, porque, a despeito disso, eles QUASE ganharam. Uma postura mais ativa
e corajosa poderia ter feito diferença.
Quanto a mim? Foi mais de um ano de “FELIZ ELEIÇÃO EM 2014!” Vejo
amigos e colegas deprimidos, raivosos, chorosos, e (me desculpem a sinceridade)
acho graça nisso, porque sei que minha vida, e a vida da maioria absoluta
deles, não vai mudar significativamente. Em nada. Tentamos fazer um Brasil
melhor pela sinceridade de nosso amor a este país, um país melhor para os menos
favorecidos, porque estes SIM, vão passar por maus bocados a perseverar o atual
rumo das coisas. Um país melhor para nossos filhos. E para os filhos deles,
mais que tudo, porque diferentemente dos nossos, dificilmente poderão dar “uma
banana” e sair daqui em condições dignas, em último caso. Tentamos, mas, apesar
de nosso empenho sincero, fomos pequenos diante da enormidade da máquina perversa
de domínio, e da obtusidade de tantos que poderiam ajudar, mas optaram por
aderir ao discurso oficial. O mais difícil, confesso, vai ser aguentar mais
quatro anos dessa imbecilidade de “presidentA”.
Mas serão quatro anos, para mim, de paz de espírito. Porque
não compactuei com um esquema inédito e monstruoso de corrupção que espolia os
recursos do país. Não aplaudi criminosos como heróis. Porque não virei o rosto
para o outro lado diante da mentira mal intencionada, do alinhamento com
ditaduras desumanas, do bolivarianismo insidioso, de crimes mais graves, como
assassinato e o mais cruel descaso para com a vida dos menos favorecidos. Não
fui cúmplice da impostura, da perversidade nem do embuste, porque não foi o que
aprendi em casa, nem na vida. Fui patriota. Fui honesto ao fazer o que estava
ao meu alcance, e preservei meu direito de cobrar, de denunciar, de
reivindicar, com a fronte alta, olho no olho. Parabéns a vocês, que lutaram a
boa luta. Paz. Vou agora (enfim!) voltar ao que interessa: minha família, meu
trabalho, meus escritos. Fiquem por aí, sentem, relaxem e se divirtam. Mas, só
para que a canalhada não ache que nossos olhos estão de todo fechados, fica meu
recado final: “FELIZ ELEIÇÃO EM 2018!” Inté!
Flávio, parabéns pelo belo texto. Outra constatação sobre a realidade triste brasileira a que seremos submetidos nos próximos quatro anos. Mas pelo menos os petralhas esquerdopatas agora sabem sobre os descontentes oficialmente.
ResponderExcluirVi que seu livro saiu, aquele steampuk, proto dieselpunk, história alternativa. Você sabe se tem em algum lugar o ebook sem DRM ?
Um abraço e espero que a família esteja bem.
Oi, Daniel. Vamos pensar assim: pelo andar da carruagem, em 4 anos estaremos livres do PT. Divido que consigam emplacar mais um presidente. Quanto ao livro, andei olhando, e tem poucas opções em ebook ainda. O melhor preço que vi está na Amazon. Abraço!
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